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segunda-feira, 30 de abril de 2012


"E se tu vens amanhã... eu começo a ser feliz hoje."

                                                                                        ((O Pequeno Principe))

quinta-feira, 26 de abril de 2012


A quem acredite
que os dias
são todos iguais
vestidos com a roupa
surrada
da mesmice
mas
o inesperado
tem a sutileza
de nunca usar
o mesmo
perfume

Renata Fagundes

terça-feira, 24 de abril de 2012

domingo, 22 de abril de 2012

Salve!


23 de abril é Dia de São Jorge, um santo com fiéis ao redor do mundo. Nascido na Capadócia no século IV d.C., uma região que hoje faz parte do sudeste do território turco, foi viver com a mãe na Palestina ainda criança, após seu pai ter morrido em um combate. Conhecido como o Santo Guerreiro, São Jorge é muito cultuado pelos brasileiros.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

"O óbvio é aquilo que nunca é visto até que alguém o manifeste com simplicidade!"
Gibran

Frases soltas! Manoel de Barros

"Gostava de desnomear: 
Para  falar  de barranco dizia: lugar onde avestruz esbarra. 
Rede era vasilha de dormir."


                                                                       
"Quando as aves falam com as pedras,
 e as rãs com as águas, 
é de poesia que estão falando!"

terça-feira, 10 de abril de 2012

Naquele dia, no meio do jantar, eu contei que
tentara pegar na bunda do vento — mas o rabo
do vento escorregava muito e eu não consegui
pegar. Eu teria sete anos. A mãe fez um sorriso
carinhoso para mim e não disse nada. Meus irmãos
deram gaitadas me gozando. O pai ficou preocupado
e disse que eu tivera um vareio da imaginação.
Mas que esses vareios acabariam com os estudos.
E me mandou estudar em livros. Eu vim. E logo li
alguns tomos havidos na biblioteca do Colégio.
E dei de estudar pra frente. Aprendi a teoria
das idéias e da razão pura. Especulei filósofos
e até cheguei aos eruditos. Aos homens de grande
saber. Achei que os eruditos nas suas altas
abstrações se esqueciam das coisas simples da
terra. Foi aí que encontrei Einstein (ele mesmo
— o Alberto Einstein). Que me ensinou esta frase:
A imaginação é mais importante do que o saber.
Fiquei alcandorado! E fiz uma brincadeira. Botei
um pouco de inocência na erudição. Deu certo. Meu
olho começou a ver de novo as pobres coisas do
chão mijadas de orvalho. E vi as borboletas. E
meditei sobre as borboletas. Vi que elas dominam
o mais leve sem precisar de ter motor nenhum no
corpo. (Essa engenharia de Deus!) E vi que elas
podem pousar nas flores e nas pedras sem magoar as
próprias asas. E vi que o homem não tem soberania
nem pra ser um bentevi.


Texto extraído do livro (caixinha) "Memórias Inventadas - A Terceira Infância", Editora Planeta - São Paulo, 2008, tomo X, com iluminuras de Martha Barros.

sábado, 7 de abril de 2012

Manoel de Barros = O encantador de palavras!

Bernardo é quase árvore.
Silêncio dele é tão alto que os passarinhos ouvem de longe.
E vêm pousar em seu ombro.
Seu olho renova as tardes.
Guarda num velho baú seus instrumentos de trabalho
1 abridor de amanhecer
1 prego que farfalha
1 encolhedor de rios – e
1 esticador de horizontes.
(Bernardo consegue esticar o horizonte usando 3 fios de teias de aranha. A coisa fica bem esticada.)
Bernardo desregula a natureza:
Seu olho aumenta o poente.
(Pode um homem enriquecer a natureza com a sua incompletude?).



*Bernardo, um funcionário mudo, cujo único som que emitia era a imitação das barcas que chegavam à Cuiabá. Bernardo foi adotado nos livros por Manoel como uma espécie de alter ego, a quem atribui toda espécie de pensamento e devaneio poético. A Bernardo, o escritor dedicou também sua publicação mais recente, "Escritos em verbal de ave" (2011), que traz entre os versos a notícia da morte de seu ex-funcionário, adornado com desenhos do autor em uma montagem arrojada com páginas dobradas em que é possível abrir o livro em uma só folha. "A minha poesia é inventada, mas é absolutamente verdade. Se eu dissesse que fui ali na padaria e comprei o pão é uma mentira. Eu tô aqui, não fui na padaria, não comprei o pão. Mas a invenção é uma coisa profunda. É uma coisa que serve para aumentar o mundo", elucida.

"Tenho para mim que o amor é o que há de mais importante no mundo. 
Analisar o mundo, explicá-lo, menosprezá-lo, talvez caiba aos grandes pensadores.
  A mim me interessa exclusivamente que eu seja capaz de amar o mundo, de não sentir desprezo por ele,  de contemplar a ele, a mim, a todas a criaturas com amor, admiração e reverência."

                                Sidarta, Hermann Hesse

quarta-feira, 4 de abril de 2012

"...eternamente esse gosto de nunca e de sempre!"
Caio Fernando Abreu
"(…) E, aquele
Que não morou nunca em seus próprios abismos

Nem andou em promiscuidade com os seus fantasmas
Não foi marcado. 
Não será exposto.
Às fraquezas, ao desalento, ao amor, ao poema.”
Manoel de Barros

terça-feira, 3 de abril de 2012

"As coisas muito claras me noturnam!"
Manoel de Barros

Descobri aos 13 anos que o que me dava prazer nas
leituras não era a beleza das frases, mas a doença
delas.
Comuniquei ao Padre Ezequiel, um meu Preceptor,
esse gosto esquisito.
Eu pensava que fosse um sujeito escaleno.
- Gostar de fazer defeitos na frase é muito saudável,
o Padre me disse.
Ele fez um limpamento em meus receios.
O Padre falou ainda: Manoel, isso não é doença,
pode muito que você carregue para o resto da vida
um certo gosto por nadas…
E se riu.
Você não é de bugre? – ele continuou.
Que sim, eu respondi.
Veja que bugre só pega por desvios, não anda em
estradas -
Pois é nos desvios que encontra as melhores surpresas
e os ariticuns maduros.
Há que apenas saber errar bem o seu idioma.
Esse Padre Ezequiel foi o meu primeiro professor de
gramática.
 Manoel de Barros