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sexta-feira, 8 de abril de 2011


Mas a raposa voltou à sua idéia:
__Minha vida é monótona. Eu caço galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens se parecem também. E por isso me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil .Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo ,que é dourado, fará lembrar-me de ti . E eu amarei o barulho do vento no trigo...
A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:
__Por favor...cativa-me!disse ela.

__Bem quisera, disse o principezinho, mas eu não tenho muito tempo.Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
__A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa.Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma.Compram tudo prontinho nas lojas .Mas como não existem lojas de amigos,os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!

__Que é preciso fazer?perguntou o principezinho.
__É preciso ser paciente,respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim na relva. Eu te olharei para o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas,cada dia,te sentarás mais perto...

No dia seguinte o principezinho voltou.
__Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde,desde às três eu começarei a ser feliz .Quanto mais a hora for chegando, eu me sentirei feliz. Às quatro horas então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade!


Antoine de Sain Exupery - O pequeno príncipe

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