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quarta-feira, 1 de junho de 2011

REINVENÇÃO

A vida só é possível 
reinventada. 

Anda o sol pelas campinas 
e passeia a mão dourada 
pelas águas, pelas folhas... 
Ah! tudo bolhas 
que vêm de fundas piscinas 
de ilusionismo... — mais nada. 

Mas a vida, a vida, a vida, 
a vida só é possível 
reinventada. 

Vem a lua, vem, retira 
as algemas dos meus braços. 
Projeto-me por espaços 
cheios da tua Figura. 
Tudo mentira! Mentira 

da lua, na noite escura. 

Não te encontro, não te alcanço... 
Só — no tempo equilibrada, 
desprendo-me do balanço 
que além do tempo me leva. 
Só — na treva, 
fico: recebida e dada. 

Porque a vida, a vida, a vida, 
a vida só é possível 
reinventada. 

Cecília Meirelles in: Mar absoluto e outros poemas, 1945.







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